É sabido que não devemos julgar um livro pela capa, também não se julga um filme pelo cartaz, mas quando vi o cartaz desse filme logo pensei: “Talvez seja daquelas comédias românticas muito previsíveis e com final, infalivelmente, feliz”. (Nada tenho contra as comédias românticas, mas hoje eu procuro escolhê-las com mais cuidado.)
Este filme me foi indicado por alguém que, em minha opinião, tem muito bom-gosto, por isso, mesmo desconfiada com a foto do cartaz e sem ler nada a respeito, eu assisti e constatei que não é uma comédia, porém, trata-se de um romance; uma história de amor, de amor pela música.
“Apenas uma vez” (2006), do realizador John Carney, fala de encontros providenciais - que podem acontecer 'apenas uma vez', de cumplicidades e sonhos realizáveis, mas que só têm significado se compartilhados e vividos com paixão.
Um rapaz que, nas ruas de Dublin, toca violão em troca de algumas moedas, encontra-se, por acaso, com uma moça que toca piano, mas por necessidade vende flores na rua. Ambos compõem e veem na música o sustentáculo para seguir em frente, mesmo não havendo condições financeiras para investir profissionalmente nesta paixão. Mas o talento existe, e a vontade também, e com isso eles realizam o sonho de gravar o primeiro disco.
O que me encanta nessa história são as coisas – sobretudo as pessoas - simples e verdadeiras. Há um tom melancólico, mas há cenas de muita leveza. As canções são lindas e falam de amor, sem beirar o piegas.
O filme não conta com belíssimas paisagens, fotografia elaborada, tampouco figurinos requintados. Tudo é muito modesto e muito real, como se de um documentário se tratasse.
Recomendo a quem acredita no amor, em qualquer forma de Amor.
“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.” Raul Seixas